O perigo de não seres tu mesma

Beleza Interior

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“Seres tu mesmo, num mundo que está constantemente a tentar que sejas outra coisa, é o maior feito”.

Ralph Waldo Emerson

Cá entre nós, tu sabes que por vezes quem mostras ser ao mundo nem sempre corresponde à verdade. Sabes disso, não sabes?

Calma. Talvez não seja uma mentira, mas talvez não seja a verdade.

(In)conscientemente, a face que escolhemos destapar e apresentar à plateia é, inevitavelmente, influenciada pelas suas expectativas, e não necessariamente pela expressão mais pura de quem realmente somos. A nossa essência, única e preciosa, acaba por ser domesticada pelas mãos de uma sociedade que ainda não aprendeu a aceitar os seus membros na sua mais profunda autenticidade.

“É melhor que te portes bem e faças exatamente o que eles esperam que faças, porque senão deixarão de gostar de ti e ficarás só e abandonada!”, diz a aquela vozinha chata.

O nosso medo instinto diz-nos que nos temos que comportar como a “tribo” deseja de modo a sermos aceites e amados.

Ser boa aluna. Ser muito bem comportadinha. Nunca bater ou gritar com os irmãos mais novos, mesmo que absolutamente irritantes. Saber claramente o queres fazer com a tua vida. Ir para a universidade, mesmo que não seja isso que queres. Arranjar um namorado (decente). Casar. Ter filhos. Ter um bom emprego. Ter um corpo lindo e arrasador, mesmo após três ou quatro décadas de vida e duas ou três gravidezes. Não olhar para outros homens, muito menos sentires-te atraída por eles (ai, ai, ai!). Não sonhar, muito menos arriscares-te a viver esses sonhos. Ter um sorriso estampado na cara, mesmo quando por dentro corre um rio de lágrimas. Ter a casa impecavelmente limpa, arrumada e o jantar pronto na mesa às 8. Gostar da sogra e ir lá almoçar aos domingos. Ir à missa. Será que já posso parar?

Se não estivermos presentes em nós mesmas, conectadas com a nossa sabedoria interior e fiel à nossa verdade, corremos o risco de nos tornarmos em “ovelhinhas”. Todas iguais e muito fofinhas. Todas a seguir o pastorinho. Todas formatas pelo medo e crença de que não seremos amadas se não correspondermos às expectativas do “rebanho”.

Só que, eventualmente, a máscara acabará por cair. O leão – a tua mais profunda verdade – que existe escondido por detrás do pêlo grosso de ovelha, e que se encontra ferozmente desejoso por ver a luz do dia, acabará por se escapar. Os dias de clausura foram muitos e dolorosos e a sua energia avassaladora irá encontrar uma maneira de, finalmente, libertar-se. É algo que irá acontecer. Apenas não sabemos quando ou como.

Uma doença.

Uma “traição”.

Uma constante insatisfação.

Depressão.

Rebelião.

Inveja.

Ataques de pânico.

Ansiedade crónica.

Comportamentos agressivos.

Distúrbios alimentares.

Apenas alguns exemplos de uma energia, originalmente pura e cristalina, que há muito tempo pedia para se expressar e que, após tanta repressão, transmutou-se, rebelou-se. Esta energia apenas queria respirar. Apenas queria liberdade.

Frases (supostamente) inspiradoras como “sê tu mesma” são já demasiado banais e cliché. A realidade é que a sabedoria sobre como sermos nós mesmas, autênticas, puras, verdadeiras caiu no esquecimento. Não sabemos como ser autênticas pois, muito possivelmente, nem sequer sabemos quem somos. Desconhecemos aquele leão que reside em nós. Nunca o olhamos nos olhos e se o víssemos à nossa frente, talvez nem sequer o reconheceríamos. Foram tantos os anos a focarmo-nos no mundo lá fora, dedicando toda a nossa atenção aos outros e às suas expectativas, que acabamos por negligenciar a nossa verdadeira essência, que há muito deseja brilhar.

Abrir a porta a esse leão requer coragem e não é algo que se consiga fazer de um dia para o outro. Requer um contacto gradual, gentil, consistente e com muita compaixão. É uma energia que, por mais pura que seja, foi ignorada durante muito tempo. É uma energia selvagem, desconhecida e que poderá estar magoada. É uma energia que necessita ser tocada com calma e carinho.

O primeiro passo para conectares com essa sabedoria interior é o silêncio. Passares, diariamente, tempo contigo mesma, desconectada do mundo e apenas dedicada a ti, mais ninguém. Estes momentos poderão consistir em meditação, sentar num jardim, caminhar, nadar, correr, yoga, escrita livre (lê mais em “Como escutar o que o teu coração tem para te dizer“) e outras atividades que potenciem esta introspeção, esta conexão contigo mesma.

A transformação que acontecerá, através destes momentos em silêncio, será subtil mas extremamente poderosa. Tu terás, finalmente, a possibilidade de te escutares a ti mesma, à tua essência. E, a partir daí, decidir por ti própria se escolhes ser uma “ovelha” ou um “leão”.

“Sai cá para fora. Ergue-te sozinho como um leão e vive a tua vida de acordo com a tua Luz”.

Osho

Partilha este artigo aqui. Mais pessoas precisam tomar consciência de que talvez não estejam a viver a sua vida, mas sim a do “rebanho”.

Francisca Guimarães - Homeopatia

Francisca Guimarães

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