Porque me irei retirar durante 40 dias

Beleza Interior

“Quase todas as coisas voltarão a trabalhar se as desligares durante uns minutos…incluindo tu”.

Anne Lamott

Hoje em dia, nesta era tão caracterizada pelo “fazer e fazer e fazer”, reconhecermos que é hora de parar, desconectar e carregar baterias, não é tarefa fácil. Entre a agitação do mundo exterior, constantemente veloz, e o frenesim do mundo interior, sempre focado em todas as listas de afazeres, a capacidade de conseguirmos escutar o nosso corpo e mente dizerem “para” é cada vez menor.

Facilmente seguimos em frente, mesmo quando as pernas já tremem de cansaço; despertamos o corpo e mente, exaustos, nem que para isso seja necessário recorrer a vários despertadores, um chuveiro de água fria e múltiplos cafés. Usamos e abusamos do nosso corpo e da nossa mente, sem termos bem consciência do preço, muitas vezes caro, que podemos vir a ter que pagar.

As diferentes fases da Natureza

A Natureza opera por ciclos ou fases. O dia e a noite, as quatro estações do ano, as mudanças climatéricas e as diferentes fases da lua são alguns dos exemplos que mostram a essência impermanente da Mãe Natureza. Da mesma maneira, também a nossa existência – a nossa Natureza interna – são caracterizadas pela constante mudança – o nascimento, infância, adolescência e idade adulta; menstruação, gravidez, menopausa; juventude e velhice; momentos de elevada energia e momentos de grande fadiga.

A nossa vivência e condição humana assentam fundamentalmente na efemeridade – tudo se encontra em constante mudança – , sendo que em cada fase que nos é presenteada, torna-se relevante sabermos reconhecê-la, aceitá-la e respeitá-la, proporcionando o espaço e ferramentas de que possa necessitar. Por exemplo, durante a fase da menstruação, o corpo pede-nos descanso e introspeção; durante o período de gravidez, tranquilidade e carinho; na menopausa, maturidade e sensatez.

Durante o nosso percurso de vida, há momentos em que nos encontramos fortes, enérgicas e capazes de governar o mundo e outros em que nos sentimos fracas, cansadas e incapazes sequer de pôr o lixo na rua. Há que honrar e respeitar ambos os pólos, com todas as suas implicações, pois tanto um como o outro são cruciais e inerentes à nossa jornada.

Porque decidi retirar-me durante 40 dias

Faz parte de variadas culturas em todo o mundo – nomeadamente Peru, Japão e Índia –  as mulheres entrarem numa espécie de quarentena após o nascimento do seu bebé. Esta tradição ancestral, de reverência ao nascimento, defende que este é o tempo que a mãe necessita para recuperar do parto, construir um carinhoso vínculo com o seu filho e adaptar-se, lentamente, a esta nova e transformadora fase da sua vida.

Durante este período de recolhimento, a mãe é dispensada de todas as tarefas domésticas e é-lhe oferecido o espaço para que ela possa simplesmente cuidar do seu bebé. Ambos permanecem a maioria do tempo resguardados em casa, privilegiando de um ambiente tranquilo e seguro, longe de multidões e espaços barulhentos.

Não é por acaso que esta tradição ainda existe nos dias que correm. Estas culturas reconhecem o impacto que o nascimento de um filho tem na vida física, emocional, mental e espiritual da mãe e, a um certo nível, também na vida e rotina de toda a família. Mais, é também respeitado e honrado o tempo que o próprio bebé necessita para adaptar-se serenamente ao meio extrauterino.

A armadilha da resistência

Como provavelmente sabes, eu realmente tive um bebé…há quase 4 meses atrás. Então porquê fazer a “quarentena” apenas agora?

Porque sou teimosa. Porque muito ingenuamente achei que era uma espécie de supermulher, capaz de ter um filho pela primeira vez, aprender a cuidar dele, passar noites a fio sem dormir, cuidar da casa, estudar e trabalhar – ah, e quase tudo sem ajuda! Porque receava que, como estudante e freelancer, todo o trabalho que tinha realizado nos últimos anos, se fosse desmoronar caso soltasse as rédeas durante uns breves instantes.

Resultado: exaustão.

O meu corpo avisou-me, vezes sem conta, mas a maldita resistência acabou por falar mais alto. “Eu consigo!”. “Acabei de ter um bebé, mas ‘bora lá’ continuar a ter uma vida ‘normal’, como se nada de especial tivesse acontecido”. Pois, sim, claro…

O que o meu corpo me estava a pedir e eu não lhe estava a dar

Devido ao estilo de vida que sigo, habituei-me a ter os meus níveis de energia sempre bastante elevados. Era raríssimo sentir-me cansada e quando isso acontecia, muito rapidamente conseguia recuperar. Após o nascimento do meu filho Francisco, tudo mudou. Eu não estava de todo acostumada à sensação do verdadeiro cansaço e de sentir as repercussões da constante privação de sono.

O meu corpo pedia-me descanso, a minha mente pedia-me descanso e eu, “chica esperta”, respondia a esse pedido dizendo “não tenho tempo”. O que aconteceu foi que certo dia, a energia, que nessa altura já tinha atingido a reserva, esgotou-se. Mal conseguia abrir os olhos; não tinha forças para pegar no meu bebé ao colo, muito menos para cuidar de mim e da casa; precisava de olhar para o telefone, várias vezes ao dia, de modo a saber que dia da semana era; e a gota de água foi ter tido que encostar o carro, na berma da estrada, pois não me lembrava onde era suposto ir!

O nascimento do meu filho marcou o fim de uma fase, da minha Natureza, e o início de outra e, naturalmente, estava-me a ser pedido que eu honrasse essa passagem; que sentisse esse momento tão único e marcante; que me despedisse, com elegância e reverência, da vida e Francisca que ficou para trás e abrisse o meu coração à que estava a nascer; que pusesse, temporariamente, todos os meus afazeres de parte e me focasse apenas na mágica transformação que estava, e ainda está, a acontecer na minha vida.

Eu vou, mas eu volto!

Finalmente aceitei que preciso parar. E, o local que escolhi para fazer este “retiro” é um dos meus lugares preferidos – a Quinta de Freixieiro. Aqui, planeio apenas descansar. Colocar todo o trabalho e estudos de parte e, durante os próximos 40 dias, somente cuidar do meu bebé e dar o repouso que há meses o meu corpo e mente me pedem.

No entanto, em Setembro estarei de volta! Adianto já que tenho várias novidades para partilhar contigo e que estou certa de que irás adorar 😉 .

No entretanto, sugiro que me vás seguindo nas minhas redes sociais, onde irei publicando regularmente:

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Um beijinho muito grande e até Setembro!

Francisca Guimarães - Homeopatia

Francisca Guimarães

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